terça-feira, 13 de maio de 2008

Alheamento

No fogão
espumava sopa
esquecida
os ladrilhos azuis
tomavam outra cor
pregando um abandono
contínuo
os gatos andavam
pelo velho tapete
outros ronronavam
sobre o estofado puído
o calendário amarelado
despencava da parede
num equilibrio
de peixe no aquário
rangiam janelas
abertas a muito
do quarto vinha
o ronco baixo
do homem sem lembranças
e esquecido
pela pressa
que pulsava
lá fora.

Um comentário:

Paula Lice disse...

Ai... mais palavras para desatinar os corações soteropolitanos e perdidos vida afora... Linda, linda, linda Celminha!