quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Horas

Devagar o dia se apaga
Devagar o vento se esquece
Devagar, anoitece

Enquadramentos

Essa paisagem
Que entra por essa janela
É tão luminosa
Quanto aquela pelo telefone
Essa paisagem
Que entra agora por essa janela
É de uma quarta sem nuvens
Apesar da tempestade interna
Que lhe inunda e arrasa
Deixando o desejo
De verão iminente
E estiagem de dores
Desamores...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Ausência

Não ouvi a porta se fechando
Dentro de mim
Um baque surdo
Nunca mais selos
Nunca mais presença
Dentro da caixa do correio
Nunca mais aquele aroma
Solto e acompanhante
Feito sombra
Nunca mais o eco
De risada espontânea
Despreocupada
De repente a constante
Ausência inodora
Um aperto involuntário
Um dessabor diário
E no fim das contas
Nenhuma explicação
Para tal partida.

sábado, 24 de novembro de 2007

Com açucar
Gordura
E gula
Se faz um engano
Para o que nos consome
Ansiedade
Que nem é fome
Mas que não dá trégua
Com açucar
Gordura
E gula
Se faz uma alegria
Que nem grande
Mas provoca riso
E isso já leva o dia
Para frente

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Metrô

Suores
Perfume barato e doce
Fofocas sobre vizinhos
O grande beijo
Na festa de sábado
Rostos cansados
Bolsas que não combinam
E a pressa
Que se demora
E não passa

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Final de Férias

A dor pequena
Faz chorar
Quando a despedida
É do afilhado
Que nada sabe
E ri pelo vidro
Como se tudo
Fosse uma eterna
Festa...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Satisfação

Hoje é feriado
Dia internacional da não poesia
Bom descanso!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Se

Fosse eu outra pessoa
Me admiraria com essa presença
Que permeia os dias
As noites
Fisicamente é ausente
Mas cala o grito
Fere o riso
Molha face.
Fosse eu outra pessoa
Iria querer ser essa
Que fala com silêncios
Olhos grandes
E quase não entende
Do mundo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Ao amigo que vive atrás de montes

Para Nuno com a mão estendida à amizade
Caro estrangeiro
Que há muitos séculos
Estiveste aqui
Na figura de ancenstrais
Seja de novo bem vindo
E que esse possa lhe ser
Um mundo não apenas novo
Mas um pier
Onde se desembarca
Para amizades.

É preciso dizer eu te amo

A delicadeza em oferecer um café
A atenção em reunir os papéis soltos
Que a pressa esqueceu de guardar
O coração feliz ao ouvir a voz cantando
E deixando o elevador
A constante paciência em saber
Dos miúdos que compuseram o dia
Por todas essas grandezas
Ás vezes nem é preciso verbos
Pois já está mais que dito
Eu te amo