que são mesmo
esses meus pensares
cavalos de troia?
inimigos com escudos?
mas se os enfrento
seriam moinhos de vento?
que são mesmo
esses meus sonhares
desbotar de lembrança?
memoria insana?
mas se não os tenho
seriam como musas
dulcinéias camponesas?
que são mesmo
essas minhas leituras
derrota das fronteiras
entre o real e a cavalaria?
perda da razão?
mas se não as faço
seria eu completa?
seria?
ria sancho...ria!
sábado, 5 de julho de 2008
terça-feira, 1 de julho de 2008
Soledad
Quando o vento
fez a camisa dançar
suspensa no varal
soube.
Perdeu o olhar
no tempo
teve certeza
de que
arrumaria a mesa
o quarto
para a ausência
presente
nos bordados
horta, chuvisco
também condenada
À asfixia da falta
de toda apagada
vazia...
fez a camisa dançar
suspensa no varal
soube.
Perdeu o olhar
no tempo
teve certeza
de que
arrumaria a mesa
o quarto
para a ausência
presente
nos bordados
horta, chuvisco
também condenada
À asfixia da falta
de toda apagada
vazia...
Fragmentos de dia (06/05/2008)
A primeira parte
Fora esquecida
Na preguiça do vento
Que não comparecia
Deixando a tarde
perdida.
No topor sonâmbulo
das quinze horas
na languidez
da sesta
sobre a colcha
indiferente e branca.
Fora esquecida
Na preguiça do vento
Que não comparecia
Deixando a tarde
perdida.
No topor sonâmbulo
das quinze horas
na languidez
da sesta
sobre a colcha
indiferente e branca.
Enfado (12/04/2008)
Caiu do invisível
hora falecida
morta pelo tédio
que se retém
no meu vagar
de estar à toa
de ser alheia
ao tempo
palpável,
sorrateiro.
hora falecida
morta pelo tédio
que se retém
no meu vagar
de estar à toa
de ser alheia
ao tempo
palpável,
sorrateiro.
terça-feira, 13 de maio de 2008
Alheamento
No fogão
espumava sopa
esquecida
os ladrilhos azuis
tomavam outra cor
pregando um abandono
contínuo
os gatos andavam
pelo velho tapete
outros ronronavam
sobre o estofado puído
o calendário amarelado
despencava da parede
num equilibrio
de peixe no aquário
rangiam janelas
abertas a muito
do quarto vinha
o ronco baixo
do homem sem lembranças
e esquecido
pela pressa
que pulsava
lá fora.
espumava sopa
esquecida
os ladrilhos azuis
tomavam outra cor
pregando um abandono
contínuo
os gatos andavam
pelo velho tapete
outros ronronavam
sobre o estofado puído
o calendário amarelado
despencava da parede
num equilibrio
de peixe no aquário
rangiam janelas
abertas a muito
do quarto vinha
o ronco baixo
do homem sem lembranças
e esquecido
pela pressa
que pulsava
lá fora.
Desatinos de terça-feira
Inerte olha
calçada cheia de flores lilases
denunciando fim de estação
o agasalho nos ombros
a incerteza de chuva
no bolso lista de compras
na cabeça uma música desconhecida
e nenhum desejo
de encarar a rua
calçada cheia de flores lilases
denunciando fim de estação
o agasalho nos ombros
a incerteza de chuva
no bolso lista de compras
na cabeça uma música desconhecida
e nenhum desejo
de encarar a rua
Missa de corpo presente
Quando o vento
fez as calças
dançarem no varal
ela soube
que era momento
de arrumar o quarto
para a ausência
de abrigar a solidão
nos bordados
nos olhos apagados
na asfixia
da espera
por quem não vem.
fez as calças
dançarem no varal
ela soube
que era momento
de arrumar o quarto
para a ausência
de abrigar a solidão
nos bordados
nos olhos apagados
na asfixia
da espera
por quem não vem.
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